Foto de: Anne Guedes
O tempo avança
Numa tentativa de bom sentir, sorrimos, cada um para seu lado...
Os muros caem
Os alicerces de uma vida, tremem...
A constante lembrança de um momento que durou trinta anos
Sobrevoa o pensamento
O âmago sufoca num aperto imenso de saudades
Os olhares cruzam as lágrimas derramadas em rostos que mostram a sua fragilidade
Os abraços não voltarão mais a ser sentidos num quinteto
Os silêncios vencem cada etapa, cada manhã sentida por ti numa solidão que te consome...
Por mais que a tua força exista, a exaustão, o cansaço dos sorrisos que escondem a vontade de chorar, inibem o teu lado sereno, a tranquilidade que te conheci...
Que posso fazer por ti?
Com que mais palavras posso eu abraçar-te?
Que conforto poderei eu dar-te?
Para te libertar dessa nódoa que travou a melodia da tua vida...
Procuro em mim, no meu íntimo alguma força para que consiga pegar-te em meus braços
As dores que vivem nas tuas entranhas, são sentidas em mim num nível muito mais fustigante
Pois não tenho como medir os teus sentires, e assim vivo esta revolta à minha maneira...
O mundo quando cai nos nossos ombros parece até, que estilhaça cada pedaço de nós
Nesta minha fraca agilidade em te consolar, sufoca-me, submerge-me a alma a tal ponto que sinto um vazio desmedido "aqui" dentro...
Onde os sentires se confrontam, onde a penumbra se instala, e de onde eu não consigo sair...
Nunca em momento algum da minha vida, interroguei as minhas capacidades de aceitação, nas decisões que me transcendem...
Hoje contraditoriamente, olho-me, toco-me, sinto-me e vejo em mim um ser que desconheço a cada dia mais...
Quando alguém não está feliz, deve procurar a felicidade! Isto sentia eu! Eu consumia estas palavras sem qualquer sentimento de compaixão...Ninguém tem de estar infeliz, ninguém o merece...
Num acto de rebeldia, de revolta, de incompreenção, de egoísmo... Chego a sentir mesmo uma infantilidade irritante em mim...
Os protagonistas dessa infelicidade são os Seres que me ofereceram ao mundo...
E são eles que "despejam" numa "contena", são eles que "sepultam" trinta anos de momentos com altos e baixos, de lágrimas e sorrisos, de discussões e abraços, de ternuras e amor que sempre existiu, que eu sempre senti, foram eles que me incutiram todo um misto de sentimentos que definem o meu Ser, que dão imagem ao meu interior...
Baixo meu olhar, e deixo que o tempo continue a avançar! Num silêncio preso nas lágrimas que assolam cada sentir, cada pedaço de mim!
Eles nunca mais vão conseguir regar os três canteiros semeados num amor que hoje, não sabe mais como vingar!